# 11 Carta para uma pessoa falecida com a qual gostavas de falar

Esta carta tinha sido inicialmente escrita para todos os meus bisavós que faleceram quando eu era pequena, e para a minha terceira avó, a avó das minhas primas, mas hoje bateu-me forte que nos deixou uma grande pessoa, uma grande amigo, há quase um ano.

João Pedro Paquete,

Conheci-te em Maio de 2009, nos Nacionais do Desporto Escolar. Eu fui guia das equipas de Albufeira, de Elvas e Vila Real; e a tua equipa (Torres Novas) ficou com as minhas fofinhas Ana Rita e Marlene, mas estávamos sempre juntos.

Tornaste-te meu amigo no momento em que me perguntaste se estava tudo bem e me fizeste rir, porque eu estava a chorar. Mal me conhecias e preocupaste-te comigo. Foste um verdadeiro amigo e eu juro que foi nesse momento que te tornei imortal na minha cabeça. Ficámos 3 dias juntos, para muitos pode ser pouco, mas para mim foram os melhores 3 dias da minha vida. Por mim não tinham acabado, em sonhos ainda vagueio nos corredores daquela escola a caminho da vossa sala para vos ver fazer disparates :)

Fiquei com o teu número de telemóvel e ainda falámos algumas vezes, era o final do teu 11º ano então tinhas de te aplicar e tinhas de estudar para os exames, então fomos deixando de falar, mas NUNCA me esqueci de ti.

Houve uma altura em 2010 que ouvi dizer que um rapaz tinha morrido num jogo, detestei ouvir isso, fiquei triste. Fogo, partilhávamos os mesmos interesses. Caramba, como é que alguém pode morrer a fazer o que mais gosta?

Passado algum tempo a minha m.a.p ligou-me a dizer "lembras-te do Paquete? do D.E?" "sim, porquê?" "foi ele que morreu." Nesse momento morreu uma parte de mim, não consegui chorar, não consegui pensar, só perguntava "o quê!?". Passei imenso tempo a pensar que não podia ser, não podia, pura e simplesmente não podia. Caramba, um dos melhores rapazes que eu alguma vez conheci tinha morrido assim!? Não podia ser.

Passou algum tempo, nunca me mentalizei disso, vou-me sempre lembrando que já não estás connosco, mas nunca tive a certeza disso. Mas hoje, a um mês do dia que nos deixaste, caiu-me tudo aos pés. Acordei para a vida e vi que já não estavas connosco. Foi triste. Hoje chorei, chorei baba e ranho, chorei a tua perda, chorei como se não houvesse amanhã. Mas ainda não acredito, não posso acreditar. Como é que isto pôde acontecer? Se tu, que eras tu, foste, o que restará para nós? Paquete não imaginas o quanto custou no Compal ver o Rosa e o Ratatau e tu não estares lá! Mas nessa altura ainda não estava mentalizada, agora estou e sinto que ainda vou sofrer muito.

Paquete eu tenho saudades tuas, TANTAS! Sinto-me tão mal por termos deixado de falar, sinto que te devia ter agradecido por teres sido tão bom para mim. Sinto-me mal.

João Pedro Paquete espero que estejas no melhor sítio de sempre, a jogar basket e a olhar cá para baixo para os teus amigos, fazes tanta falta, eras a alma da festa, e só passei 3 dias contigo, se tivesse mais acho que tinha morrido contigo, se em 3 dias foste o que foste para mim, imagino em muitos anos de amizade. Não imagino o que a tua irmã e os teus amigos mais próximos estão a sentir. Só sei o que eles escreveram e eu li, e derramei tantas lágrimas.

Sei que se estivesses aqui dirias para não chorarmos, mas não dá.

Paquete, obrigada por teres sido quem foste, por teres tocado a vida de tanta gente, sempre de maneira tão positiva.

Descansa em paz, e quando eu for para o céu ter contigo espero que tenhas aí o melhor campo de basket possível! :')

Adoro-te, muito e para sempre.

(Paquete em baixo, de óculos de sol com o Prémio de 3º lugar na mão)